Publicação compartilhada do site F5 NEWS, em 3 de maio de
2021
Leilão do 5G: entenda o que vem por aí e conheça as
novidades
Nova geração de internet móvel deve trazer mudanças para usuários
Brasil e Mundo
Por Agência Brasil
Imagine uma manhã movimentada em uma avenida de trânsito
rápido. Tentando entrar no fluxo, um motorista que está atrasado para o
trabalho fica impaciente e acelera. Na faixa rápida, uma motorista recebe uma
notificação pelo celular: um recado urgente da babá informa que seu filho está
com febre.
Desatenta momentaneamente pela notificação, ela desvia o olhar e não vê a ação do motorista atrasado. Como estava um pouco acima do limite de velocidade da via (80 quilômetros por hora), a colisão parece inevitável. Uma batida muito comum no trânsito das grandes cidades, que gera prejuízos financeiros, estresse, congestionamento e, eventualmente, vítimas.
Isso, se a colisão tivesse acontecido.
O carro da mulher distraída, no entanto, era semiautônomo. Graças à tecnologia 5G, ao receber dados de tráfego de diversos sensores espalhados pelas vias, o veículo soube a hora exata de desacelerar. Com o uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina, o computador de bordo do veículo conseguiu antecipar a tentativa frustrada de conversão do motorista atrasado e traçou possíveis cenários para evitar a colisão.
Sinais sonoros vindos do painel digital avisaram que havia a necessidade de desacelerar. Com a distração, o piloto automático assumiu momentaneamente o controle. Em milésimos de segundo, cerca de 40 sistemas foram consultados e enviaram as informações necessárias para o reposicionamento do veículo.
O computador de bordo tomou uma decisão: acendeu a seta e fez um leve desvio de faixa, juntamente com a desaceleração exata para que o carro se encaixasse no tráfego da faixa ao lado sem movimentos bruscos. O motorista atrasado sequer tomou ciência do momento.
Apenas nesta interação de poucos segundos, cerca de 20 gigabytes de dados foram trocados entre os sistemas. Fotos e sensores foram analisados, dados foram computados e transmitidos para outros veículos também conectados e para centrais de controle de tráfego urbano. A interação só foi possível graças ao 5G, à baixa latência na troca de informações (tempo de resposta entre o envio e recebimento de dados) e ao alto fluxo de dados.
Revolução tecnológica
Prevista para estar disponível nas 27 capitais brasileiras
até julho de 2022, a internet 5G é vista, tanto pelo governo federal quanto por
empresas de tecnologia e de telecomunicações, como uma revolução tecnológica
abrangente. A implementação desta tecnologia no Brasil promete trazer diversas
inovações que vão se refletir em maior produtividade, avanços na economia e na
qualidade de serviços.
Em reta final de avaliação pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o leilão das radiofrequências que serão utilizadas pela nova geração de internet no Brasil é um passo importante que está sendo tomado em paralelo a uma série de medidas e adaptações que já vêm sendo articuladas tanto pelo Ministério das Comunicações quanto por operadoras que viabilizarão a novidade.
A chegada da nova tecnologia suscita uma série de questões, muitas delas técnicas e complexas. A Agência Brasil conversou com especialistas da área para entender as novidades que o 5G vai trazer para a forma como a sociedade navega, produz e consome conteúdo.
Leilão de frequências
Importante para a implementação do 5G no Brasil, o leilão
das frequências de operação da nova geração de internet móvel é a porta de chegada
dessa tecnologia. Discutido em diversas audiências públicas ao longo de 60 dias
em 2020, o leilão é considerado não arrecadatório, já que todas as verbas
levantadas serão investidas em infraestrutura de comunicação e aprimoramento da
conectividade em áreas ainda carentes.
Segundo o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, uma das exigências para o leilão é que haja investimentos não apenas para as redes mais avançadas de 5G, mas também para habilitar amplamente o 4G em pequenos municípios.
“Esta é a primeira vez que a Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] fará um leilão que não é arrecadatório, e sim voltado para investimentos. Todo valor acima do preço mínimo será revertido para as 2,3 mil localidades que ainda não possuem 4G habilitado, para as rodoviárias federais e povoados rurais”, afirmou o secretário, que é um dos responsáveis pela elaboração dos termos do pregão.
No leilão do 5G, quatro faixas de frequência serão ofertadas. Destas, duas serão inicialmente híbridas e servirão para distribuir o sinal 4G e o 5G em variações do espectro. Veja abaixo:
Faixa Uso
700 MHz Inicialmente será usada para ampliação do sinal 4G.
Eventualmente será a faixa utilizada por sensores inteligentes e carros
conectados
2,3 GHz Alta capacidade
para áreas densamente povoadas, também será usada para o 4G e será a frequência
padrão de operação para dispositivos em geral
3,5 GHz Capaz de transmitir
dados em altíssima velocidade, pode ser usada em paralelo com outras bandas e
deve ser a faixa mais concorrida do leilão. É considerada parte do chamado 5G
standalone
26 GHz Faixa onde deve
acontecer a transmissão de dados da economia em larga escala, como automação
industrial e agrobusiness; capaz de grande velocidade e também é considerada
parte do 5G standalone
5G - qual a diferença entre as gerações?
Apesar do ganho óbvio no quesito velocidade, a transição
para o 5G não será percebida apenas pelas taxas de download ou upload de
conteúdo, explica o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais.
“O 5G vai remodelar a sociedade e os meios produtivos. Para muito além do que aconteceu quando saímos do 3G, teremos internet das coisas [IoT, da sigla em inglês], carros autônomos, cirurgias remotas. O 5G alavanca e possibilita várias outras tecnologias, como inteligência artificial, realidade aumentada - tornando cada vez os meios produtivos mais competitivos”, explicou.
Mas qual a diferença entre as gerações da internet móvel? Veja no infográfico:
Leilão do 5GLeilão do 5G
Baixa latência, alta velocidade
Morais explica que as novas possibilidades de interação
podem transformar a educação, os serviços e a indústria brasileira, além de
capacitar novos mercados de trabalho.
Como exemplos, cursos remotos de ensino poderão se beneficiar de aulas em realidade aumentada - experiência de interação em que objetos reais são aprimorados por meios digitais - para mostrar casos práticos da construção de uma estrutura arquitetônica, ou para o treino de um piloto de avião, por exemplo. Galerias de arte, máquinas complexas ou até mesmo o corpo humano podem ser explorados via realidade aumentada em sessões de aprendizado com centenas de outras pessoas compartilhando a experiência.
“A realidade virtual e a realidade aumentada ganham outra dimensão. Você pode ter o professor virtualmente onde estiver. É possível usar sensores táteis para manusear um órgão humano, no caso de um estudante de medicina. Um técnico de tomógrafo, por exemplo, poderia dar assistência na manutenção de uma máquina. São vários exemplos que mostram que a tecnologia 5G é disruptiva”, explicou.
Todos os cenários citados pelo presidente da Anatel só são possíveis graças às características inerentes à tecnologia do 5G, em especial a velocidade de transmissão e recepção de dados, chamada latência. Ela é a soma do tempo de envio de uma informação até a resposta do servidor ao qual a conexão está sendo feita. Em seguida, o envio da resposta do servidor ao cliente com as novas informações, e assim repetidamente.
Conflito de faixas de operação
Segundo o secretário de Telecomunicações, Artur Coimbra,
cerca de 21 milhões de brasileiros utilizam antenas parabólicas para receber
sinais de telecomunicação em casa - serviço que usa a mesma frequência de 3,5
GHz que será ofertada para exploração comercial no leilão do 5G.
“Há uma exigência descrita no edital que é específica para essa frequência [3,5 GHz]. A gente sabe que a TV por satélite no Brasil é muito popular e foi necessário pensar em soluções para isso - o que não sai barato. Felizmente, a parte técnica foi desenhada e está muito robusta”, disse Coimbra.
A empresa responsável por arrematar a frequência terá, entre outras responsabilidades, que operacionalizar a instalação de filtros de sinal e, em determinados casos, a troca da antena e do equipamento de recepção da banda atual para a chamada banda Ku. A mudança será feita por meio de um kit especial que será custeado pela operadora da frequência.
Faixa exclusiva
A arrematadora da faixa de 3,5 GHz também terá um
compromisso de segurança nacional: viabilizar uma rede privativa de comunicação
para o governo federal que tenha requisitos de segurança ampliados e que seja
altamente confiável.
Segundo o edital do leilão, duas contrapartidas deverão ser executadas para criar a rede segura de troca de dados do governo: uma malha de conexão de fibra óptica entre todos os órgãos da União e uma rede móvel exclusiva para o uso público. Todas as telecomunicações do governo, além de serviços de segurança, defesa civil e emergência, poderão usufruir do serviço, que será implementado inicialmente no Distrito Federal.
Infraestrutura complexa
O secretário de Telecomunicações também listou os desafios
de preparar a infraestrutura dos grandes centros urbanos para o recebimento da
tecnologia 5G. “Teremos dois desafios logísticos com o 5G. O primeiro é a
complexidade do licenciamento [urbanístico] para implantação de antenas. Vamos
precisar ter cerca de dez vezes mais antenas do que com tecnologias
anteriores”, argumentou.
As antenas de transmissão do 5G, no entanto, trazem uma vantagem. Por serem pequenas, explica Artur, poderão ter regras especiais de isenção de licenciamento urbano - o que agilizaria o processo de cobertura da tecnologia. O problema do licenciamento urbanístico é que ele acontece na esfera municipal, e há grande variação nas legislações sobre o tema.
“O segundo ponto é a expansão das redes de fibra óptica que alimentarão essas antenas. O próprio edital prevê o aumento da malha de cobertura da fibra óptica e a substituição da infraestrutura antiga, mas é um processo demorado”, argumentou Coimbra.
Semana Nacional das Comunicações
De hoje (3) a domingo (9), os veículos da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC) publicam o Especial Conecta, com conteúdos sobre a Semana
Nacional das Comunicações. O especial vai reunir reportagens sobre história das
telecomunicações, 5G, Internet das Coisas, o impacto das novas tecnologias na
educação e no agronegócio, entre outros temas.
Texto e imagem reproduzidos do site: f5news.com.br
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